sábado, 1 de dezembro de 2007

Contos de fadas


Contos de fadas em que a princesa ganha seu príncipe e vive feliz para sempre são, com freqüência, distorções dos contos folclóricos originais, confirma uma pesquisa feita pela Universidade Mount Alison, em New Brunswick, Canadá, examinou os contos de fada sob uma ótica feminista, devido a seu interesse em como a literatura infantil afeta a maneira como as mulheres acabam enxergando seu lugar no mundo.
- Muitos dos contos de fadas mais antigos foram narrados por mulheres-disse Guare.
A pesquisadora argumenta que as diferenças em muitos casos são pequenas, mas que as vozes das mulheres e seus desejos para suas vidas são perceptíveis nas versões mais antigas.
- Tudo isso foi apagado quando os irmãos Grimm e a Disney tomaram conta das histórias-disse ela, observando que as versões apresentadas pelos irmãos Grimm talvez sejam as mais sexistas que existem, já que foram escritas para a sociedade patriarcal do século19.
Na versão de Rapunzel de 1812 celebrizada por Jacob e Wilhelm Grimm, Rapunzel é banida para o deserto pela bruxa, até ser encontrada pelo príncipe.
- Ela nunca faz nada para controlar sua própria vida. Apenas é passada da bruxa para o príncipe, e se percebe o que é que ela quer.
Uma versão italiana mais antiga da mesma história, chamada A Bruxa do Jardim, a conta de maneira diferente: a garota se salva sozinha e retorna sua mãe. Não há príncipe que a resgate.
- Talvez precisemos retomar às histórias originais e ver se encontramos narrativas que sejam mais úteis no contexto de hoje-sugere Guare.
Reportagem do Jornal Zero Hora de 19 de novembro de 2007.
Relacionando com o texto sobre Encantos para Sempre. Encantos para sempre “ de Ana Maria Machado". Sabemos que os contos de fada são clássicos , porém o que se discute é se realmente ela estão de acordo com a realidade de hoje? Onde as crianças apresentam outra formação, pois apresentam algum tipo de ideologias impregnadas de mal-entendidos, que con­vêm tentar esclarecer e desfazer.
Para discutir esse problema, a primeira coisa a lembrar é que esta­mos falando de uma forma de literatura. De qual­quer maneira, toda narrativa literária se constrói em cima de elementos que vão se correspondendo de modo coerente e que aos poucos vão erigindo um edifício de sentido. É para isso que o homem conta histórias — para tentar entender a vida, sua passagem pelo mundo, ver na existência alguma espécie de lógica. Cada texto e cada autor lidam com elementos diferentes nessa busca, e vão adequando formas de expressão e conteúdo de um jeito que mantêm uma coerência in­terna profunda que lhe dão sentido.
Uma análise dos contos de fadas tradicio­nais revela que eles até que não são tão retrógrados assim, como pode parecer ao ideólogo mais superficial e apressado. Simbolicamente, re­fletem os anseios de ascensão social que caracterizavam a época em que se difundiram - tanto de mulheres condenadas a rotina do tra­balho doméstico, quanto das classes menos favorecidas, em geral. Contos de fadas tem a ver com os desejos, medos e anseios do ser humano em geral, independentemente de época, classe social, na­cionalidade. Essas histórias sempre funcionaram como uma válvula de escape para as aflições da alma infantil e permitiram que as crianças pudessem vivenciar seus problemas psicológicos de modo simbólico, saindo mais felizes dessa experiência. Davam-lhes a certeza de que no final tudo acabava bem e todos iam ser felizes para sempre. Os contos de fadas continuam sendo um manancial inesgotável e fundamental de clássicos literários para os jovens leitores. Não saíram de moda, não. Continuam a ter muito o que dizer a cada geração, porque falam de verdades profundas, ine­rentes ao ser humano.

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